domingo, 27 de abril de 2014

Blecaute, "o general da banda", cantor e compositor (1919-1983)

Negros Geniais, Blecaute, mpb, carnaval, música sertaneja, samba
Otávio Henrique de Oliveira, o Blecaute, era carioca de Pinhal, interior de São Paulo, onde nasceu em 05 de Dezembro de 1919. O apelido Blecaute foi sugerido pelo 

Capitão Furtado, lendário autor de clássicos do cancioneiro sertanejo, em 1941.

Ganhou fama como o General da Banda por causa de uma marchinha de carnaval de muito sucesso que gravara nos anos 40. A partir do golpe de 64, Blecaute incorporou a 

personagem General da Banda como uma sátira silenciosa ao general Mourão Filho, famoso no anedotário do golpe por ter se declarado a “vaca fardada” do Exército 

brasileiro. Há relatos de que os Generais Militares sentiram-se muito incomodados com aquele negão, com uma farda toda engalanada, dizendo-se General. Entretanto, não 

o reprimiram, para que não fossem tachados de racistas.

Blecaute foi um negro que frequentava todas as rodas e era muito amado por todos.  Além da Farda de General, outra marca registrada do cantor era o seu sorriso de 150 

dentes, como dizia do lendário animador de auditório César de Alencar. Vestia-se com muito apuro e gastava suas energias na Lapa noturna, ao lado de Geraldo Pereira, 

Wilson Batista e outros bambas.

Blecaute compôs e lançou uma canção denominada “Natal das Crianças” que, junto a “Boas Festas”, de Assis Valente, na voz de Carlos Galhardo, tornar-se-iam duas das 

mais cantadas no dia do nascimento do Menino Jesus! 

No Carnaval, Blecaute era o destacado oficial carnavalesco que levava alegria para o povo brasileiro por meio de suas gravações. Sucessos como “Que samba bom”, “Dona 

Cegonha”, “Maria Candelária”, “Maria Escandalosa”, “Papai Adão”, “Rei Zulu” e muitas outras. Gravou um LP incrível, cantando músicas latinas, que curiosamente tornou-

se um disco raro no mundo fonográfico. 

Participou com sucesso no ano de 1958 do show "Carnavália", de Paulo Afonso Grisoli e Sidney Muller no Teatro Casa Grande, ao lado de Marlene, Nuno Roland e Eneida, 

uma cronista paraense que conhecia a história do carnaval brasileiro como ninguém. Teve rápida passagem pela televisão no ano de 1962, participando dos programas 

produzidos por Péricles do Amaral na TV Rio, ao lado de Gasolina, Tião Macalé, Monsueto Meneses entre tantos cantores e atores do extinto canal 13.

Sua imagem é vista vez por outra na televisão, quando se trata de filmes da Atlântida onde aparece com sua simpatia lançando os sucessos para a festa do Rei Momo.

Morreu pobre, no Rio de Janeiro, no dia 9 de fevereiro de 1983.




Colaboração: Flávio Leandro de Souza

Por

Cineasta, roteirista, cronista, ilustrador, educador, nascido na Vila Santa Isabel, Zona Leste de São Paulo.

2 comentários:

  1. Nos meus tempos de criança, vi muitas vezes este maravilhoso negão perambular pelas ruas do Rio, entre a Praça Tiradentes, Lavradio, etc...Era tão negro e sorridente que impressionava, por ser tão blecaute como o próprio nome artístico que ostentava...vendo-o tão simples, como qualquer ser humano na rua, só mais tarde vim a saber que ele era o autor da famosa canção natalina "Natal das Crianças', que todos a cantamos até hoje! Um grande cara, que é pouco conhecido e pouco divulgado como autor da bela canção de Natal!

    ResponderExcluir
  2. Nos meus tempos de criança, vi muitas vezes este maravilhoso negão perambular pelas ruas do Rio, entre a Praça Tiradentes, Lavradio, etc...Era tão negro e sorridente que impressionava, por ser tão blecaute como o próprio nome artístico que ostentava...vendo-o tão simples, como qualquer ser humano na rua, só mais tarde vim a saber que ele era o autor da famosa canção natalina "Natal das Crianças', que todos a cantamos até hoje! Um grande cara, que é pouco conhecido e pouco divulgado como autor da bela canção de Natal!

    ResponderExcluir

 

© 2013 Rogério de Moura