Aos 22 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde vendia doces de tabuleiro vestida com a indumentária típica de baiana, na Praça Onze, região que concentrou os negros mais pobres que tiveram que sair do centro da cidade durante a grande reforma urbana realizada entre 1902 e 1910. Foi casada com João Baptista da Silva. Deste casamento nasceram 14 filhos.
Na casa de Tia Ciata, músicos com cavaquinhos, violões e instrumentos de sopro compunham polcas, maxixes e choros. Nos quartos e na sala de jantar tocava-se o samba corrido, com palmas marcando o ritmo da música (o início do samba de partido-alto) enquanto no quintal, ou terreiro dominava o ritmo da batucada, com gingas de capoeira e trabalhos de candomblé, prática religiosa comum naquelas comunidades.
Estudiosos apontam a casa da Tia Ciata como o berço do samba carioca. Com comida boa e rodas regadas a muita música, a casa de Tia Ciata logo se tornou um tradicional ponto de encontro, onde se reuniam nomes como Donga, Pixinguinha, João da Baiana, Sinhô e Heitor dos Prazeres.
Na casa de Tia Ciata foi composto o primeiro samba gravado na história da música brasileira: "Pelo Telefone", de Donga e Mauro de Almeida.
Além dos doces, Tia Ciata alugava as roupas de baiana para peças teatrais e para clubes e associações durante o Carnaval. Até homens vestiam-se com as roupas de baiana, divertindo-se nos blocos de rua. Com este comércio, muita gente da alta sociedade carioca passou a frequentar a casa de Tia Ciata. Nessas festas, ela passou a dar consultas com seus orixás e a ser conhecida também como curandeira.
Naquela época, os encontros de samba eram proibidos pela polícia. Mas, para as batucadas na casa de Tia Ciata, os homens da lei faziam vista grossa, principalmente a partir do momento em que ela curou uma ferida da perna do então presidente da República, Venceslau Brás, que em troca também lhe atendeu ao pedido de arrumar um emprego para o marido: um lugar no gabinete do chefe de polícia.
Todo o ano, durante o Carnaval, a barraca de Tia Ciata, na Praça Onze, reunia desde trabalhadores até a fina flor da malandragem. Nessa barraca eram lançadas marchinhas que ficariam famosas no Carnaval do Rio de Janeiro.
Sua casa é uma referência na história do samba, do candomblé e da cidade do Rio de Janeiro.
Tia Ciata foi homenageada em pinturas, como as de Heitor dos Prazeres, a obras como o do artista plástico Gentileza, em poemas, letras de música e escola de samba.
A ala de baianas das escolas de samba do Rio de Janeiro foi instituída como uma homenagem as tias baianas negras como Tia Ciata, que migraram de Salvador e se estabeleceram na cidade com seus familiares. Em 1933, o então prefeito Pedro Ernesto assinou decreto-lei tornando obrigatória a ala de baianas nas escolas de samba cariocas.
Fontes:
Museu Hoje
www.museuhoje.com
Blog do Jeff Celophane
jeffcelophane.wordpress.com
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Tia Ciata (à direita), ao lado de Tia Josefa |
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Pintura de Heitor dos Prazers |
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Alegoria Tia Ciata |
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Homenagem do artista Gentileza |
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