segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Viola Davis, atriz

Negros Geniais, atrizes negras, cinema negro, Rogério de Moura

Viola Davis nasceu em St. Matthews, Carolina do Sul, EUA, em 1965. 

Vencedora de um Tony Award e um Emmy, a atriz foi indicada ao Oscar de melhor atriz (coadjuvante/secundária) em 2009 por sua atuação no filme Doubt, no mesmo ano apareceu no filme Law Abiding Citizen. Em 2015, foi a primeira atriz negra da história a ganhar um Emmy de Melhor Atriz em Série Dramática.

“Em meus sonhos e visões, eu via uma linha, e do outro lado da linha estavam campos verdes e floridos e lindas e belas mulheres brancas, que estendiam os braços para mim ao longo da linha, mas eu não conseguia alcançá-las”. A frase de Viola Davis – a primeira negra a conquistar o Emmy de melhor atriz dramática – foi como um soco no estômago da indústria audiovisual. No discurso veemente, na luxuosa premiação de domingo que elegeu as melhores produções televisivas americanas e mundiais, a atriz da série How to get away with murder  foi além: “Deixem-me dizer algo: a única coisa que separa as mulheres negras de qualquer outra pessoa é a oportunidade. Você não pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem”.
A americana foi ovacionada. Na plateia, muitos não contiveram as lágrimas, como a atriz Kerry Washington. O discurso carrega uma força política que vai além do preconceito racial, evidente no meio audiovisual. Muitas vezes, mesmo em questões de gênero e em movimentos que pregam a igualdade, como o feminismo, mulheres negras são invisibilizadas. Ainda que a realidade norte-americana tenha diferenças em relação à brasileira, Davis lançou luz sobre questões universais. Nas estatísticas, são elas quem mais morrem pela clandestinidade dos abortos. São, também, a maioria entre as empregadas domésticas, muitas em regime que se assemelha ao trabalho escravo.
“Quando celebramos Viola e outras mulheres negras fazendo história em Hollywood agora, vamos nos lembrar também da força emocional, da postura visceral e da raiva elegante daquelas que vieram antes de nós”, pontou, em artigo publicado no britânico The Guardian a ativista Rebecca Caroll, uma jornalista feroz no combate ao racismo. Nas redes sociais, o apoio a Viola foi irrestrito.

Do cinema para a tevê
Indicada ao Oscar e vencedora de dois prêmios Tony pela atuação na Broadway, Viola Davis precisou recorrer à tevê para chamar a atenção de Hollywood. São muitas as séries que carrega no currículo – New York Undercover, City of Angels, Third Watch e, mais conhecidas no Brasil,Law & Order: Criminal Intent CSI.
Antes de ganhar projeção em produções para as telinhas, a atriz teve uma longa imersão no mercado cinematográfico, que vai do pequeno papel em Onze homens e um segredo (2001) à participação no longa Histórias cruzadas (2012). A atuação foi marcante o suficiente para render uma indicação ao Globo de Ouro, ao Bafta e ao Oscar, em que concorreu com Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams.

Texto:
Correio Braziliense

Por

Cineasta, roteirista, cronista, ilustrador, educador, nascido na Vila Santa Isabel, Zona Leste de São Paulo.

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