quarta-feira, 25 de outubro de 2017
Francisco de Paula Brito - Tipógrafo, editor, fundador da sociedade petalógica, poeta e tradutor (1809 - 1861)
Tipógrafo, fundador da sociedade petalógica, ativista político, poeta e tradutor. Um dos primeiros contistas brasileiros. Precursor da imprensa negra no Brasil. Fundamental, como editor, na difusão do movimento literário do romantismo brasileiro. Defendia a imprensa livre e foi o primeiro a inserir no debate político a questão racial; atuou na valorização de um olhar étnico no cenário cultural com a Sociedade Petalógica.
Francisco de Paula Brito nasceu na então Rua do Piolho (hoje Rua da Carioca), no Centro do Rio de Janeiro em 2/12/1809. Filho do carpinteiro Jacinto Antunes Duarte e de Maria Joaquina da Conceição Brito. Dos seis aos 15 anos, morou em Magé, RJ, voltando ao Rio de Janeiro em 1824, em companhia do avô, o sargento-mor Martinho Pereira de Brito. Trabalhou em uma farmácia e, posteriormente, foi aprendiz de tipógrafo na Tipografia Nacional. Mais tarde, empregou-se no Jornal do Commércio, onde foi diretor das prensas, redator, tradutor e contista. Casou-se em 1830 com Rufina Rodrigues da Costa. Um ano depois, abriu uma tipografia no Largo do Rossio (hoje Praça Tiradentes).
Durante a Regência, sua pequena loja tornou-se uma fábrica de pasquins. Foram muitos os que recorreram a seu trabalho para terem seus jornais impressos. Com a entrada em cena dos pasquins teve início uma guerra política nas quais os excluídos do poder, exaltados e caramurus, manifestavam sua insatisfação com os rumos políticos do país.
Ao manter em sigilo o nome dos autores dessas folhas, assumindo a responsabilidade e o risco de ser punido, segundo a legislação vigente que buscava reprimir abusos em relação a liberdade de imprensa, Paula Brito tornava-se cúmplice daqueles que o procuravam para terem seus trabalhos impressos. Sua loja tornou-se ponto de reunião de pessoas de diferentes partidos, criando um espaço de sociabilidade política diferente daquela instituída pelo Império. Defendia sua posição de impressor livre e imprimiu alguns jornais que apresentavam orientações políticas diferentes, principalmente aqueles que inseriam no debate político a questão racial. De sua tipografia saíram obras como "O Mulato" e o jornal "O Homem de Cor", o primeiro jornal brasileiro dedicado à luta contra o preconceito racial, o que lhe rendeu o título de precursor da imprensa negra.
A livraria/editora de Francisco de Paula Brito esteve associada ao movimento romântico, não só pelos autores que editou, mas principalmente por tê-lo difundido amplamente, como José de Alencar, Gonçalves Dias e Joaquim Manuel de Macedo. Paula Brito foi o primeiro editor de Machado de Assis. Além de editar livros, seu estabelecimento passou a ser ponto de reunião de intelectuais e músicos da época. Foi ele próprio quem sugeriu aos participantes dessas reuniões que criassem uma sociedade, a Sociedade Petalógica do Rossio Grande, uma entidade onde reinava o humor, muita música e poesia, a começar pelo titulo, pois peta significa mentira.
Paula Brito foi também um dos primeiros contistas brasileiros, escritor múltiplo produziu textos de teatro, contos e poesia. Entre seus contos e novelas publicados a partir de 1839 estão "O triunfo dos indígenas", "Os sorvetes e o Fidalgo Fanfarrão", "A revelação póstuma", "A mãe-irmã" e "O enjeitado".
Faleceu em sua residência, no Campo de Sant'Anna, nº 25 em 15 de dezembro de 1961. Seu cortejo fúnebre foi um dos maiores já presenciados na Corte, já que era personagem popularíssimo entre os intelectuais, músicos e artistas.
http://www.dicionariompb.com.br/paulabrito
Por Rogério de Moura
Cineasta, roteirista, cronista, ilustrador, educador, nascido na Vila Santa Isabel, Zona Leste de São Paulo.
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