Nei Braz Lopes nasceu no
subúrbio de Irajá, no Rio de Janeiro, em 1942. Bacharel pela
Faculdade Nacional de Direito da antiga Universidade do Brasil no
início dos anos 70, abandonou a recém-iniciada carreira de advogado
para dedicar-se à música e à literatura. Compositor profissional
de música popular desde 1972, notabilizou-se através de uma densa
obra gravada por
quase todos os
grandes intérpretes do samba tradicional.
Em 2001 participou,
como letrista de cinco canções, gravadas respectivamente por
Gilberto Gil, Milton Nascimento, Djavan, João Bosco e Ed Motta, do
álbum Ouro Negro, que revisitou a obra orquestral do legendário
maestro Moacyr Santos.
Em 2005, seu CD
Partido ao Cubo (Fina Flor) é agraciado com o prestigioso Prêmio
Tim de Música, como melhor disco de samba e indicado ao Grammy
Latino 2006; e o conjunto de sua obra foi objeto de “aclamação”,
na entrega do Prêmio Rival-BR de música brasileira.
Paralelamente à
atividade de compositor, Nei Lopes é escritor de vasta obra, toda
centrada na temática africana e afro-originada, compreendendo mais
de 17 títulos ente os quais ensaios como Bantos, Malês e Identidade
Negra (Forense-Universitária, 1988; Autêntica, 2006) e
Partido-Alto, Samba de Bamba (Pallas, 2005); um volume de poemas,
Incursões sobre a Pele (Artium, 1996) e outro de contos, 20 Contos e
Uns Trocados (Record, 2006); o Novo Dicionário Banto do Brasil
(Pallas, 2003); a Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana
(Selo Negro, 2003), com mais de 9 mil verbetes; e o Dicionário
Escolar Afro-Brasileiro (Selo Negro, 2006).
Em 1989, recebeu, do
Governo do Estado do Rio de Janeiro, o troféu Golfinho de Ouro
(Música Popular), pelo conjunto de sua obra.
Por seu trabalho
como intelectual e artista, em 1998 Nei Lopes foi agraciado com a
Medalha Pedro Ernesto, conferida pela Câmara Municipal do Rio de
Janeiro; em 2005 recebeu, pelas mesmas razões, o título de “Cidadão
Olodum”, concedido pela tradicional entidade cultural afro-baiana.
Em novembro de 2005
recebe do Ministério da Cultura do Brasil a Ordem do Mérito
Cultural, no grau de comendador.
Em 2006 era
focalizado pela Revista O Globo (nº 100, 25.06.06) na reportagem
“100 brasileiros geniais”; e em 24 de janeiro de 2007 tinha
artística foto sua publicada na seção “Retratos Capitais” da
revista Carta Capital, com a seguinte legenda: “Em música e nas
letras, a voz do samba e da consciência negra”.
Embora pouco
presente sob os holofotes da mídia principal, Nei Lopes é hoje um
nome de peso na cultura brasileira, constituindo-se mesmo numa
referência.
Sambista, compositor
popular e, hoje, cada vez mais escritor, Nei vem, desde pelo menos os
anos 80, marcando decisivamente seu espaço, às vezes com guinadas
surpreendentes.
Ligado às escolas
de samba Acadêmicos do Salgueiro (como compositor) e Vila Isabel
(como dirigente), hoje mantém com elas ligações puramente
afetivas. Compositor profissional desde 1972, vem, desde os anos 90
esforçando-se pelo rompimento das fronteiras discriminatórias que
separam o samba da chamada MPB, em parcerias com músicos como
Guinga, Zé Renato, Fátima Guedes e João Bosco, esforço esse que
culminou com sua participação no projeto “Ouro Negro”, em
homenagem ao maestro Moacir Santos.
Intérprete de suas
próprias canções, Nei Lopes tem vários discos gravados, em
registros solo ou em conjunto com outros artistas.
Em televisão, Nei
Lopes escreveu e apresentou, entre outros musicais, “Pagode”
(Rede Globo, 1987); “Dia Nacional do Samba” (Manchete, 1988);
“Presença Negra” (TV-E, Rede Brasil, 1995); e “Saravá, Tio
Samba” (Idem, 1996).
Em teatro, encenou
“Oh, que Delícia de Negras!”, revista musical, com partitura de
Cláudio Jorge (Teatro Rival, 1989); “Clementina” (1999) e “O
Rancho da Sereia” (2000) com o elenco de alunos de teatro do Centro
Cultural José Bonifácio, da Prefeitura do Rio.
No plano
internacional, Nei Lopes apresentou-se em 1997 em Angola, em
espetáculos nas cidades de Luanda, Benguela, Lobito e Lubango, nas
comemorações do “Festival do Trabalhador”, em 1987; e em
Havana, Cuba, no “Festival Internacional da Juventude”, em 1997 e
no Cubadisco, em maio de 2001.
Fonte:
Academia Brasileira
de Letras
http://www.academia.org.br/abl
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