quarta-feira, 18 de junho de 2014

Nei Lopes, compositor de música popular, escritor e pesquisador de culturas africanas

Negros Geniais, Nei Lopes, intelectuais negros, Rogério de Moura, ação afirmativa, negros escritores, compositores negros, diáspora negra

Nei Braz Lopes nasceu no subúrbio de Irajá, no Rio de Janeiro, em 1942. Bacharel pela Faculdade Nacional de Direito da antiga Universidade do Brasil no início dos anos 70, abandonou a recém-iniciada carreira de advogado para dedicar-se à música e à literatura. Compositor profissional de música popular desde 1972, notabilizou-se através de uma densa obra gravada por
quase todos os grandes intérpretes do samba tradicional.

Em 2001 participou, como letrista de cinco canções, gravadas respectivamente por Gilberto Gil, Milton Nascimento, Djavan, João Bosco e Ed Motta, do álbum Ouro Negro, que revisitou a obra orquestral do legendário maestro Moacyr Santos.

Em 2005, seu CD Partido ao Cubo (Fina Flor) é agraciado com o prestigioso Prêmio Tim de Música, como melhor disco de samba e indicado ao Grammy Latino 2006; e o conjunto de sua obra foi objeto de “aclamação”, na entrega do Prêmio Rival-BR de música brasileira.

Paralelamente à atividade de compositor, Nei Lopes é escritor de vasta obra, toda centrada na temática africana e afro-originada, compreendendo mais de 17 títulos ente os quais ensaios como Bantos, Malês e Identidade Negra (Forense-Universitária, 1988; Autêntica, 2006) e Partido-Alto, Samba de Bamba (Pallas, 2005); um volume de poemas, Incursões sobre a Pele (Artium, 1996) e outro de contos, 20 Contos e Uns Trocados (Record, 2006); o Novo Dicionário Banto do Brasil (Pallas, 2003); a Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana (Selo Negro, 2003), com mais de 9 mil verbetes; e o Dicionário Escolar Afro-Brasileiro (Selo Negro, 2006).

Em 1989, recebeu, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o troféu Golfinho de Ouro (Música Popular), pelo conjunto de sua obra.
Por seu trabalho como intelectual e artista, em 1998 Nei Lopes foi agraciado com a Medalha Pedro Ernesto, conferida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro; em 2005 recebeu, pelas mesmas razões, o título de “Cidadão Olodum”, concedido pela tradicional entidade cultural afro-baiana.
Em novembro de 2005 recebe do Ministério da Cultura do Brasil a Ordem do Mérito Cultural, no grau de comendador.
Em 2006 era focalizado pela Revista O Globo (nº 100, 25.06.06) na reportagem “100 brasileiros geniais”; e em 24 de janeiro de 2007 tinha artística foto sua publicada na seção “Retratos Capitais” da revista Carta Capital, com a seguinte legenda: “Em música e nas letras, a voz do samba e da consciência negra”.

Embora pouco presente sob os holofotes da mídia principal, Nei Lopes é hoje um nome de peso na cultura brasileira, constituindo-se mesmo numa referência.
Sambista, compositor popular e, hoje, cada vez mais escritor, Nei vem, desde pelo menos os anos 80, marcando decisivamente seu espaço, às vezes com guinadas surpreendentes.
Ligado às escolas de samba Acadêmicos do Salgueiro (como compositor) e Vila Isabel (como dirigente), hoje mantém com elas ligações puramente afetivas. Compositor profissional desde 1972, vem, desde os anos 90 esforçando-se pelo rompimento das fronteiras discriminatórias que separam o samba da chamada MPB, em parcerias com músicos como Guinga, Zé Renato, Fátima Guedes e João Bosco, esforço esse que culminou com sua participação no projeto “Ouro Negro”, em homenagem ao maestro Moacir Santos.

Intérprete de suas próprias canções, Nei Lopes tem vários discos gravados, em registros solo ou em conjunto com outros artistas.
Em televisão, Nei Lopes escreveu e apresentou, entre outros musicais, “Pagode” (Rede Globo, 1987); “Dia Nacional do Samba” (Manchete, 1988); “Presença Negra” (TV-E, Rede Brasil, 1995); e “Saravá, Tio Samba” (Idem, 1996).
Em teatro, encenou “Oh, que Delícia de Negras!”, revista musical, com partitura de Cláudio Jorge (Teatro Rival, 1989); “Clementina” (1999) e “O Rancho da Sereia” (2000) com o elenco de alunos de teatro do Centro Cultural José Bonifácio, da Prefeitura do Rio.
No plano internacional, Nei Lopes apresentou-se em 1997 em Angola, em espetáculos nas cidades de Luanda, Benguela, Lobito e Lubango, nas comemorações do “Festival do Trabalhador”, em 1987; e em Havana, Cuba, no “Festival Internacional da Juventude”, em 1997 e no Cubadisco, em maio de 2001.

Fonte:
Academia Brasileira de Letras
http://www.academia.org.br/abl

Negros Geniais, Nei Lopes, intelectuais negros, Rogério de Moura, ação afirmativa, negros escritores, compositores negros, diáspora negra

Negros Geniais, Nei Lopes, intelectuais negros, Rogério de Moura, ação afirmativa, negros escritores, compositores negros, diáspora negra

Negros Geniais, Nei Lopes, intelectuais negros, Rogério de Moura, ação afirmativa, negros escritores, compositores negros, diáspora negra



Por

Cineasta, roteirista, cronista, ilustrador, educador, nascido na Vila Santa Isabel, Zona Leste de São Paulo.

0 comentários:

Postar um comentário

 

© 2013 Rogério de Moura