quarta-feira, 16 de julho de 2014

Hélio Bagunça, compositor, sambista (1936-2007)


Hélio Romão de Paula, ou simplesmente, Hélio Bagunça, era filho de mãe paulistana e pai carioca, tinha três anos quando mudou junto de sua mãe e de sua irmã mais velha para a Bela Vista, e quatorze,  quando foi para a Barra Funda, de onde não mais se afastara. Desde menino já tinha paixão pela música tornando-se membro da banda musical do colégio.
Essa paixão o levou a dança de onde, já na infância, apontava traços de que seria um expoente nesta arte. 
Em 1953 participou ao lado do grande Inocêncio Tobias do reagrupamento do antigo Grupo Carnavalesco Barra Funda, que deu origem ao Cordão Carnavalesco Mocidade Camisa Verde e Branco, da qual foi o primeiro diretor de harmonia. 
Compositor, ritmista, bailarino do samba, é ainda referência do samba em São Paulo. Participou junto com Inocêncio Tobias da formação do salão São Paulo Chic, na Barra Funda.
Com o pensamento voltado para a coletividade comunitária cada Cordão da Cidade de São Paulo deveria colocar em prática algum projeto social. Chico Bagunça e Inocêncio Tobias criaram o Espaço São Paulo Chic, extensão do Cordão Camisa Verde Branca, na Barra Funda. Dessa ação surgiu a primeira roda de samba de São Paulo, que acontecia toda Segunda–Feira. Foi a partir daí os universitários de vários pontos da cidade, e incorporam-se ao projeto, que se tornou um sucesso. Devido a esse evento, o samba tornou-se uma atividade cultural que derrubava fronteiras, pois com o tempo surgiram solicitações de palestras em universidades atraindo, assim, cada vez mais estudantes interessados em conhecer um pouco deste segmento cultural, que até então era visto com indiferença pelos universitários e pela classe média.
Seo Chico teve a oportunidade de exportar para o mundo através de seu grupo musical "CHIC SAMBA SHOW” a música popular brasileira acompanhada da dança. O grupo era composto por seis músicos e um time de Mulatas que abrilhantavam cada espetáculo.
Da parceria com os jovens universitários, em fevereiro de 1973 juntamente com sua esposa Maria Helena, Aníbal Vaz, Elisa, Marcos dos Santos, entre outros, em reunião na sua casa na Rua Albuquerque Lins, fundaram uma Escola de Samba diferente: a Tom Maior, segmentada a um novo formato de público, que acreditavam na cultura de raiz popular.
Foi assim que nasceu a Tom Maior, escola que foi por ele presidida no seu primeiro ano, muitas expectativas foram depositadas neste novo nicho, pois a vontade de construir uma escola de samba nova em um espaço elitizado que era o Sumaré.
Alguns anos se passaram até o falecimento do Sr. Inocêncio e as atividades continuaram, porém lideradas pelo seu filho Carlos Alberto Tobias o Totô como por ele era chamado, juntos formaram uma grande parceria faziam com que o Camisa Verde não perdesse suas características.
Até falecer aos 71 anos, no dia 30 de Maio de 2007, Helio Bagunça era uma figura presente em muitas rodas de samba da Cidade de São Paulo, e deixou uma grande lacuna entre os que nos acostumamos a ouvi-lo, cantar samba e contar suas histórias. Topar com ele pelos sambas e botequins da Barra Funda era comum, sempre pronto pra tomar uma cerveja, levar um papo malandro, como nas rodas do antigo Espaço CUCA, onde tivemos a honra de ser por tantas vezes agraciados com a sua presença, exercendo essa função maioral de passar adiante o conhecimento, a sabedoria e o axé.
Hélio foi homem de grandes ensinamentos, referência para muitos, no universo do samba, cultura afro-brasileira e popular, e permanecerá para sempre na memória do samba paulistano. 

Colaboração: Flávio Leandro de Souza

Por

Cineasta, roteirista, cronista, ilustrador, educador, nascido na Vila Santa Isabel, Zona Leste de São Paulo.

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