sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Tebas

Tebas *
No século 18, enquanto construíam a primeira catedral da Sé, em São Paulo, Tebas passava um bom tempo observando as obras. Intrigado com a curiosidade do escravo, o padre Justino, capelão do Convento do Carmo, perguntou-lhe o motivo dele estar ali. Tebas retribuiu com outra pergunta: "Cadê a torre?"
Justino disse que não havia nenhum construtor capaz de erguer tal torre. Tebas, que dominava a técnica de taipa e pilão, entendia de alvenaria e hidráulica, se dispôs a construí-la, sob duas condições: receber sua carta de alforria e que o primeiro casamento da catedral fosse o dele. E, em 1755, ficou pronta a primeira catedral da Sé, com a torre construída por Tebas.
Tebas, alforriado, adotou o nome de Joaquim Pinto de Oliveira e não parou por aí. Construiu a torre do Recolhimento de Santa Teresa e o primeiro sistema de esgotos do antigo centro de Sampa. Construiu o primeiro chafariz de pedra da cidade, com granito, numa época em que o granito era desconhecido. 
O Largo da Memória, ao lado do metrô Anhangabaú, projeto criado por Daniel Pedro Miller, foi construído por ele. Quando alguém é muito bom em algo, é chamado de Pelé. Antes de Pelé, era chamado de Tebas. O sambista Geraldo Filme pesquisou sua vida e compôs o samba-enredo "Tebas, o Príncipe Negro."

 

 Largo da Memória, no centro de São Paulo.


* Tá bom, tá bom, a imagem acima não é do Tebas! É um quadro do Portinari. Mas o quadro do "Grito da Independência" também não tém nada a ver com a realidade.


O compositor Geraldo Filme fala sobre Tebas.

Por

Cineasta, roteirista, cronista, ilustrador, educador, nascido na Vila Santa Isabel, Zona Leste de São Paulo.

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© 2013 Rogério de Moura