sexta-feira, 25 de março de 2016

Alexandre Dumas (1802-1870)

Faz parte de qualquer relação dos maiores escritores da história da literatura.

Por Luis Vinicius Belizário, especialista em Cultura Afro-Indígena

Os adeptos da literatura e do cinema dificilmente dirão que desconhecem a história dos três mosqueteiros, D’Artagnan ou do Conde de Monte Cristo, todas elas de autoria de Alexandre Dumas. Grande parte daqueles que confirmam conhecer tais obras sabem que elas pertencem a Dumas, mas uma aposta é quase certa: a grande maioria desconhece que ele era um negro.

Romancista e filho do haitiano Thomas-Alexandre Dumas, um poderoso general, Alexandre Dumas nasceu em 24 de julho de 1802 e faleceu em 5 de dezembro de 1870. Ao contrário de muitos gênios da história, Dumas teve seu talento reconhecido em vida, gozou de sucesso financeiro e fama e era o mais célebre e requisitado escritor de sua época, ao lado de Honoré de Balsac . Apesar de tudo isso e das grandes influências aristocráticas que cultivou em vida, a sua história sempre foi marcada por ter origem afro. O que muitos não sabem é que, apesar dos romances de aventura, Dumas também escreveu contra o colonialismo e sobre questões raciais, mas sofreu com o racismo e com o preconceito até depois de sua morte.

Alexandre Dumas foi sepultado em Villers-Cotterêts, onde nasceu e permaneceu por lá até novembro de 2002, longe do reconhecimento e das honras que os franceses costumam prestar postumamente aos seus célebres cidadãos. O presidente Jacques Chirac  ordenou que o corpo do autor fosse exumado e em uma cerimônia digna de cinema: os restos mortais de Dumas adentraram o Panteão de París em um caixão carregado por quatro homens vestidos como Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan, seus imortais personagens de Os três mosqueteiros. O descanso de Dumas no Panteão retira a sombra da injustiça e do racismo que ainda pairava sobre sua imagem. 

nexus 7/Shutterstock
Panteão de París
O Panteão de París é um imenso mausoléu onde escritores e grandes filósofos franceses estão sepultados. Jacques Chirac, em seu discurso, disse: "Contigo, nós fomos DArtagnan, Monte Cristo ou Balsamo, cavalgando pelas estradas da França, percorrendo campos de batalha, visitando palácios e castelos. Contigo, nós sonhamos!". Após a cerimônia, o presidente francês concedeu uma entrevista e reconheceu que a ausência de Dumas no Panteão foi um ato de racismo, mas que aquele dia era um marco, pois a França reparava um erro do passado.

Estão sepultados ou possuem ao menos um memorial no Panteão figuras como Denis Diderot , Jean-Jacques RousseauRené DescartesVictor Hugo e Voltaire. Tradicionalmente, a França sempre produziu grandes filósofos e escritores, mas nenhum deles foi tão lido quanto Alexandre Dumas. Suas histórias inspiraram mais de duzentos filmes e suas traduções já atingiram quase cem idiomas.

Analisando esses números, sua tragetória e também o discurso do presidente Jacques Chirac, podemos afirmar sem receio que Alexandre Dumas fez o mundo sonhar com seus romances. O que muitos de nós jamais havíamos sonhado é que Dumas tinha uma origem negra e, assim como a maioria dos negros da diáspora, a sua história havia sido marcada por injustiças e pelo racismo. 


Seu filho, também conhecido pelo mesmo nome, seguiu seus passos, tornando-se um conceituado autor de livros e peças de teatro. Sua principal obra foi "A Dama das Camélias".


Na Chácara Santo Antônio, Zona Sul de São Paulo, há uma rua chamada Alexandre Dumas.


Texto: 
http://www.klickeducacao.com.br




Por

Cineasta, roteirista, cronista, ilustrador, educador, nascido na Vila Santa Isabel, Zona Leste de São Paulo.

1 comentários:

  1. Sem dúvidas um grande escritor, que os críticos literários quando vão listar os grandes escritores da história da humanidade deixam-no de fora, deixam de citá-lo, mostrando que esse preconceito contra ele e os escritores negros nunca deixou de existir e existe até hoje, até os tempos atuais. Uma coisa feia!

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