quinta-feira, 17 de abril de 2014

Tranquilino Bastos, maestro, professor, músico, compositor e arranjador (1850-1935)

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Manoel Traquilino Bastos, clarinetista, compositor, arranjador, professor e regente musical,  nasceu em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, em 1850.

Filho de pai português e mãe negra alforriada, foi um gênio da música e semeador de orquestras. 

Quando criança, aprendeu a tocar clarineta e entrou no Coro de Santa Cecília. Ainda menor de idade, passou a integrar a Banda Marcial São Benedito, composta por músicos negros.

Aos 14 anos incompletos, tocou clarineta em diversos eventos musicais e absorveu, por si só, e com imenso esforço, a cultura musical europeia, muito particularmente da Itália, Alemanha e, principalmente, da França.

Sua fama transpôs os limites do Brasil e chegou ao Velho Mundo, onde  suas composições foram aplaudidas em pé por plateias eruditas.
Foi, durante muito tempo, o representante na Bahia de fábricas francesas de instrumentos musicais, inclusive da Casa Sax, do inventor do saxofone Adolf Sax, e da casa franco-britânica Besson.

Intermediou a compra de instrumentos para diversas bandas do Recôncavo Baiano, orientou os fabricantes  sobre as particularidades do clima tropical e trocou correspondências com figuras importantes do Velho  Mundo, inclusive Adolfo Sax.
Abolicionista convicto, ficou conhecido pelo epíteto “O Maestro da Abolição”, estando à frente de movimentos em favor da abolição da escravatura. A música “Airosa Passeata” é de sua autoria e retrata a passeata em que ele, à frente de mais de duas mil pessoas - a maioria composta por negros recém-libertados - foi às ruas de Cachoeira na noite de 13 de maio de 1888, comemorando a assinatura da Lei Áurea. De sua autoria são as primeiras composições de música de câmara da Bahia. 

Sua paixão pela música fez com que, de seus dez filhos, três se tornassem músicos, perpetuando o legado paterno, composto por 295 dobrados, 150 marchas festivas, 50 marchas fúnebres e 205 fragmentos de ópera transcritos para banda marcial, além de inúmeras valsas e peças sacras.

Também são sua autoria são 120 crônicas e artigos para jornais e revistas, bem como manuscritos e diários, além de cadernos de música

Espírita, fundou em 1877,  com alguns amigos, a Sociedade Espírita Cachoeirana.

Por

Cineasta, roteirista, cronista, ilustrador, educador, nascido na Vila Santa Isabel, Zona Leste de São Paulo.

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© 2013 Rogério de Moura