terça-feira, 26 de agosto de 2014

Buddy Guy, guitarrista, cantor e compositor

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Texto: Ernesto Wenth Filho

George "Buddy" Guy nasceu em 1936, na cidade de Lettsworth, no estado da Louisiana, nos EUA. Tinha cinco irmãos e seus pais eram Sam e Isabel Guy. Cresceu sob os conflitos da segregação racial, onde os banheiros, restaurantes e assentos de ônibus eram separados para brancos e negros. Com sete anos de idade, Buddy "fez" sua primeira guitarra: um pedaço de madeira com duas cordas amarradas com os grampos de cabelo de sua mãe. Com ela, passava o tempo nas plantações e desenvolvia suas "técnicas" musicais. Depois, ganhou sua primeira guitarra "de verdade": um violão acústico Harmony, que hoje se encontra no Hall da Fama do Rock and Roll, em Cleveland.

Em 1955, com 19 anos, Buddy trabalhava na Universidade Estadual da Louisiana, ganhando 28 dólares por semana. Nunca havia saído do estado quando, em 1957, um amigo que era cozinheiro em Chicago foi visitá-lo e disse: "você precisa ir para Chicago tocar sua guitarra à noite e trabalhar de dia." Guy se interessou pela proposta financeira, pois poderia ganhar em torno de 70 dólares por semana e, quem sabe, sair à noite para ver os mestres Howlin' Wolf, Muddy Waters, Little Walter e, de quebra, ainda aprender alguma coisa para tocar sua guitarra em casa.

Em 25 de setembro de 1957, Buddy saiu de Lettsworth e chegou em Chicago. O choque foi grande, saindo do ambiente rural e chegando a uma metrópole totalmente urbana disse: "o que vou fazer? Que caminho seguir?"

Arrumou emprego e, após alguns meses, conseguiu uma audiência no 708 Club. Naquela noite, chegou ao clube em um Chevrolet vermelho, nada menos que Muddy Waters. Buddy foi lhe servir um sanduíche de salame. Muddy perguntou: "você está com fome, garoto?". A resposta foi: "se você é Muddy Waters, eu não estou mais com fome, encontrar você já me alimentou!"

Guy começou a tocar em bares de Chicago e seu estilo chamou atenção. Gostava de tocar como B.B. King e atuar no palco como Magic Slim. Decidiu, então, enviar uma fita para a Chess Records, selo tradicional de blues que contava com artistas como Willie Dixon, Muddy Waters, Howlin' Wolf, Little Walter e Koko Taylor. Em 1960, começou a fazer as guitarras das gravações dos mestres da Chess. Era sempre o primeiro guitarrista a ser chamado pela gravadora.

Mas Buddy não estava satisfeito, pois fazia apenas o acompanhamento. Queria mais, podia mais, queria fazer suas próprias composições.

Em 1967, gravou "I left mmy blues in San Francisco", pela Chess. Em 1968, foi para a Vanguard Records, gravando dois álbuns clássicos: "A man and his blues" e "Hold that plane". A partir desta época, seu estilo agressivo e selvagem de tocar, além de seu vocal rascante começaram a despertar a atenção de músicos do rock, principalmente os ingleses. Eric Clapton disse, em 2005: "Buddy Guy foi para mim o que Elvis foi para muitos outros."

Em 1970, Buddy iniciou uma parceria com o gaitista Junior Wells e lançou "Buddy Guy and the Juniors". Em 72, "Buddy Guy and Junior Wells play the blues", disco produzido pro Eric Clapton, Tom Dowd e Ahmet Ertegum. Um dos melhores álbuns de Buddy com clássicos do blues e composições próprias, em um som límpido, simples e cru.

Em 1974, Buddy se associou ao baixista dos Rollings Stones, Bill Wyman, que produziu e tocou no álbum ao vivo chamado "Drinkin' TNT 'n' Smokin' Dynamite.

No começo dos anos 80, sua carreira declinou, só voltando a decolar a partir de 1989, quando abriu o clube Buddy Guy Legends, em Chicago, considerado o lugar preferido da maioria dos artistas de blues para se apresentar.

Em 1990-1991, Guy tocou junto com Clapton no Royal Albert Hall, em Londres, em um show somente para guitarristas. Esta participação lhe proporcionou um contrato com a Silverstone Records, onde gravou diversos álbuns. O primeiro foi "Damn right, I've got the blues", de 1991, que contava com a participação especial de Clapton, Jeff Beck e Mark Knopfler. O disco obteve um sucesso incomum para a cena do blues: ganhou disco de ouro, ganhou o Grammy e vendeu 500 mil cópias.

Dois anos depois, em 1993, gravou "Feels like rain". Em 1994, "Slippin'in", ganhando o Grammy com os dois discos. O sucesso havia retornado com força. Foi um trabalho de persistência, como disse Buddy: "tinha colocado na minha cabeça que precisava continuar tocando, porque eu sentia que não tinha tido a chance de me expressar com minha guitarra e minha voz. Poucos haviam me ouvido, mas continuei tocando até que a chance veio com "Damn right, I'v got the blues" e aí estourei. Acho que alguém me ouviu, lá em cima!"

E assim, veio em 1996 o disco ao vivo "Live: the real deal"; em 1998, "Heavy love"; em 2001, "Sweet tea", com o qual Buddy retornou ao blues de raízes. Em 2003, "Blues Singer". Por último, em 2005, "Bring 'Em in", onde Guy contou com a participação de Carlos Santana e John Mayer.

Esta é a história de Buddy Guy, uma lenda viva do blues, que influenciou Eric Clapton, Jimi Hendrix e Stevie Ray Vaughan entre outros. Um guitarrista com um estilo agressivo, "quebrado", "cortado", com uma voz marcante que enfrentou todas as dificuldades possíveis com fé e perseverança.

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Para muitos, Clapton é um Deus e para Clapton, Deus é Buddy Guy

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Buddy Guy e Stevie Ray Vaughan

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Por

Cineasta, roteirista, cronista, ilustrador, educador, nascido na Vila Santa Isabel, Zona Leste de São Paulo.

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