Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 11 de julho de 1901.Era filha de Catarina e Rodolfo de Barros. De
família muito pobre, ainda criança ficou órfã de pai, sendo criada pela
mãe. Ingressou com 17 anos na Escola Normal Catarinense, concluindo o
curso em 1921.
Antonieta
teve que romper muitas barreiras para conquistar espaços que, em seu
tempo, eram inusitados para as mulheres, e, mais ainda, para uma mulher
negra.
Em
1922, a normalista fundou o Curso Particular Antonieta de Barros,
voltado para alfabetização da população carente. O curso foi dirigido
por ela até sua morte e fechado em 1964.
Antonieta participou ativamente da vida cultural de seu estado. Fundou e
dirigiu o jornal A Semana entre os anos de 1922 e 1927. Neste período,
por meio de suas crônicas, ela veiculava suas ideias, principalmente
aquelas ligadas às questões da educação, dos desmandos políticos, da
condição feminina e do preconceito racial. Dirigiu também a revista
quinzenal Vida Ilhoa, em 1930, e escreveu vários artigos para jornais
locais. Com o pseudônimo de Maria da Ilha, ela escreveria o livro
Farrapos de Ideias, em 1937.
Lecionou,
ainda, em Florianópolis, no Colégio Coração de Jesus, na Escola Normal
Catarinense e no Colégio Dias Velho, do qual foi diretora no período de
1937 a 1945.
Enérgica,
correta, honesta e humana, gozava de alto conceito entre os alunos que a
respeitavam e admiravam, principalmente, pelo espírito de justiça da
educadora que a todos amava e acolhia “sem distinguir”.
Ainda
nos anos 20, deu início às atividades de jornalista, criando e
dirigindo em Florianópolis o jornal A Semana, mantido até 1927. Três
anos depois, passou a dirigir o periódico Vida Ilhoa, na mesma cidade.
Na
década de 30, manteve intercâmbio com a Federação Brasileira pelo
Progresso Feminino (FBPF) como revela a correspondência trocada entre
ela e Bertha Lutz, hoje preservada no Arquivo Nacional.
Foi
professora do atual Instituto de Educação entre os anos de 1933 e 1951,
assumindo sua direção de 1944 a 1951, quando se aposentou. Antonieta continuou ensinando até o fim de sua vida.
"Educar
é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar
debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar
as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços; é
transportar às almas que o Senhor nos confiar, à força insuperável da
Fé."
Antonieta
de Barros notabilizou-se por ter sido a primeira deputada estadual
negra do país e primeira deputada mulher do estado de Santa Catarina. Na
primeira eleição em que as mulheres brasileiras puderam votar e serem
votadas, filiou-se ao Partido Liberal Catarinense e elegeu-se deputada
estadual (1934-37). Tornou-se, desse modo, a primeira mulher negra a
assumir um mandato popular no Brasil.
Pelo Partido Liberal Catarinense, foi constituinte em 1935, cabendo-lhe
relatar os capítulos Educação e Cultura e Funcionalismo. Atuou na assembleia legislativa catarinense até 1937, quando teve início a
ditadura do Estado Novo.
Com
a queda do Estado Novo foi também a primeira mulher a participar do
Legislativo Estadual de Santa Catarina. Depois da redemocratização do
país , concorreu a deputada estadual nas eleições de 1945, obtendo a
primeira suplência pela legendado Partido Social Democrático (PSD). Com
o fim do regime ditatorial, ela se candidatou pelo Partido Social
Democrático e foi eleita novamente em 1947, desta vez como suplente. Na
ocasião, continuou lutando pela valorização do magistério: exigiu
concurso para o provimento dos cargos do magistério, sugeriu formas de
escolhas de diretoras e defendeu a concessão de bolsas para cursos
superiores a alunos carentes. Assumiu a vaga na Assembleia Legislativa em 1947 e cumpriu seu mandato até 1951.
Esteve
entre os deputados que se asilaram no quartel do 14º Batalhão de
Caçadores, para garantir a eleição do Dr. Nereu Ramos à governança do
Estado.
Usando o pseudônimo literário de Maria da Ilha, escreveu o livro Farrapos de ideias.
"Aprender
como o amor e dedicação ao trabalho, a perseverança na concretização de
um ideal são fatores válidos e decisivos na realização das criaturas."
Queria
ser professora e o foi plenamente, sendo considerada uma das melhores
educadoras do seu tempo. Deus lhe deu força de vontade e sabedoria
bastantes para nulificar os complexos de casta e/ ou de cor que pudessem
perturbá-la, prejudicando-lhe a ascensão. E venceu em sua própria
terra. E a maldade dos medíocres não prevaleceu contra o seu
extraordinário destino. Na verdade, abriu o próprio caminho e soube
cristalizar suas qualidades de educadora, dando a Santa Catarina o
melhor de sua inteligência, para a educação da juventude. Dela,
poder-se-ia dizer que foi “operária de si mesma”. Projetou-se no seio da
comunidade catarinense como professora, escritora, jornalista e
política.
Ao
longo de sua vida, Antonieta atuou como professora, jornalista e
escritora. Como tal, destacou-se, entre outros aspectos, pela coragem de
expressar suas ideias dentro de um contexto histórico que não permitia
às mulheres a livre expressão; por ter conquistado um espaço na imprensa
e por meio dele opinar sobre as mais diversas questões; e
principalmente por ter lutado pelos menos favorecidos, visando sempre a
educação da população mais carente.
Faleceu aos 51 anos de idade, a 28 de março de 1952. Seu enterro foi uma verdadeira consagração.
Texto:
http://cruzaltino.blogspot.com.br/2011/03/como-era-cruz-alta-do-final-do-seculo_17.html
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