Especialistas no assunto (e não são poucos) garantem: entre os melhores sambas-enredos de todos os tempos no Carnaval carioca estão, com lugar cativo, os que trazem esses versos:
“Ô, ô, ô, ô, liberdade senhor.../Passava noite, vinha dia/O
sangue do negro corria, dia a dia/De lamento em lamento, de agonia em
agonia/Ele pedia o fim da tirania” (Heróis da liberdade, Império Serrano/1971);
“Carnaval, doce ilusão/Dê-me um pouco de magia/De perfume e fantasia/E também
de sedução/Quero sentir nas asas do infinito/Minha imaginação” (Cinco bailes da
História do Rio, Império Serrano/1965); e “Vejam esta maravilha de cenário/É um
episódio relicário/Que o artista num sonho genial/Escolheu para este carnaval”
(Aquarela brasileira, Império Serrano/1964).
Sozinho ou com parceiros do gabarito de Mano Décio da Viola,
Manoel Ferreira, Dona Ivone Lara ou Bacalhau, Silas conquistou posição
indiscutível como o maior vencedor e mais brilhante autor de sambas para
desfiles de escolas. Sempre com versos inspiradíssimos e uma pegada melódica
responsável por conduzir, com magia e leveza, a verde e branco de Madureira por
tantos brilhos e tantas glórias.
O carioquíssimo Silas Oliveira de Assumpção nasceu em
Madureira, bairro de onde nunca se afastou, no dia 4 de outubro de 1916. Filho
de um pastor protestante, chamado José Mário de Assumpção, teve infância
modesta porém decente, com instrução sólida e educação rígida. Foi criado na
Rua Maroim (hoje Rua Compositor Silas de Oliveira), no sopé do morro da Serrinha,
onde o Império começou, onde muito coisa boa começou, onde o futuro compositor
da escola começou a praticar, com um prazer cada vez maior, o samba e o jongo,
companheiros e fontes de inspiração a vida inteira.
No samba, quase sempre se entra por causa das más
companhias; e continua-se por causa das boas. Daí que a vida de Silas tomou o
rumo da felicidade quando ele conheceu Antônio dos Santos, o Mestre Fuleiro
(tio de Dona Ivone Lara) e Décio Antônio Carlos, o Mano Décio da Viola.Com este
último ele compôs seu primeiro samba, Meu grande amor, em 1934. Passou a
freqüentar a escola de samba Prazer da Serrinha, onde, além de integrar a
bateria, deu os primeiros passos como compositor.
Texto: Luís Pimentel
Revista Música Brasileira
www.revistamusicabrasileira.com.br
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