quinta-feira, 24 de março de 2016

Cesária Évora, cantora (1941-2011)


Cesária Évora foi a cantora de maior reconhecimento internacional de toda a história da música popular cabo-verdiana.

Melhor resumir sua trajetória em frases:

Jornalista Júlio de Magalhães, do blog "Do Médio-Oriente e afins": "Foi uma voz de Cabo Verde escutada e aclamada em toda a parte e, de alguma forma, um símbolo nacional. Dotada de um inconfundível instrumento vocal, como aliás grande parte dos cabo-verdianos, apresentou-se nos principais palcos do mundo sempre com extraordinário sucesso."

Para o jornalista brasileiro Mauro Ferreira, do blog Notas Musicais, “cala-se voz doce de sentimentos profundos”: "Voz que destilava a fina melancolia impregnada nas mornas – espécie de samba-canção da terra da intérprete – que entoava em crioulo, um idioma que misturava português, francês e dialetos africanos. Évora também deu voz às coladeiras, outro ritmo cabo-verdiano, mais dançante e próximo da pegada caribenha."

O blog português Repórter a Solta, enfatiza sua grande energia no palco a partir do relato de um de seus shows em Londres: "Cesária não pára. Desde que, aos 48 anos, começou, em França, a sua carreira internacional, passa a maior parte do ano em tournée pelo mundo. Não está cansada? “É preciso aproveitar, agora que há trabalho”, diz-nos ela, como inconsciente de ser uma estrela mundial, como se vivesse nos tempos miseráveis dos bares do Mindelo. “Enquanto puder, não páro”. Na plateia, (…) são raros os caboverdianos, ou mesmo os espectadores de origem africana. São britânicos na sua maioria, famílias, casais, jovens, de meia-idade, classe média-alta…” Eles não percebem nada do que eu canto”, diz-nos Cesária. “Ninguém entende crioulo. Mas não importa. A música diz tudo. Entendem a música”. (…) Como faz ela aquilo? É um truque? Um sortilégio? Ninguém sabe explicar, mas está lá todo o fascínio de Cabo Verde."

Em retrospectiva, e num tom crítico, o antropólogo Miguel Moniz, autor visitante no blog Southcoasttoday: "Cesária Évora deixou Mindelo, São Vicente, para cantar a morna nos palcos mais importantes do mundo e, ao longa da sua trajetória, ganhou um Grammy e uma condecoração francesa da Ordre National de la Legion d'Honneur (Ordem Nacional da Legião de Honra). Embora tivesse apresentado-se constantemente desde os anos 1950, foi só com o lançamento de dois álbuns na década de 1990 que Cesária foi aclamada pela cena internacional da “world music”, uma onipresente embora absurda categoria abrangente que parece significar “música feita por pessoas de algum lugar estranho que eu nunca ouvi falar.”

Ainda sobre o provável desconhecimento do público internacional sobre Cabo Verde, o blog Passaport to escreve: "Muitas pessoas não sabem muito sobre (ou ouviram falar) de Cabo Verde, essa minúscula ilha na África Subsaariana. Mas, apesar de relativamente poucos realmente entenderem as letras de suas canções, muitas pessoas na Europa, África e no resto do mundo certamente conheciam e amavam a sua filha mais famosa. (…) Mas a senhora deixou um legado maravilhoso (…) que ensinou o mundo sobre a inconfundível gênero musical de Cabo Verde chamado morna."

Sejam quais forem os caminhos da música cabo-verdiana de rumo internacional, a presença de Cesária Évora é única e deixará sempre Sodade. Tom Devriendt, do blog Africa is a Country, explica o significado de uma das mais belas palavras da língua portuguesa: “Saudade” (Sodade).

Fonte: globalvoices.org

Por

Cineasta, roteirista, cronista, ilustrador, educador, nascido na Vila Santa Isabel, Zona Leste de São Paulo.

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© 2013 Rogério de Moura