sábado, 10 de março de 2012

Willy Bezerra de Mello



O desenhista Willy Bezerra de Mello (1935 - 2012) chegou a Brasília em 1958. Aprovado no concurso da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), teve apenas quatro dias para deixar o Rio de Janeiro e começar a trabalhar no Departamento de Urbanismo e Arquitetura da estatal. Antes, tentou ser arquiteto, mas foi além. “Eu queria trabalhar com Oscar Niemeyer, ver a arquitetura de Brasília de perto”. A história de Willy de Mello se confunde, às vésperas do cinqüentenário, com a da capital federal. Ela, como a de outros pioneiros, está gravada para a posterioridade.

Depoimentos de arquitetos, urbanistas, operários, dirigentes e outros personagens da construção de Brasília estão disponíveis no Programa de História Oral do Arquivo Público do Distrito Federal. Iniciado em 1987, o programa entrevistou 284 pioneiros, como o arquiteto Oscar Niemeyer, braço direito do presidente Juscelino Kubitschek. “Eu sempre digo que Brasília representa o dinamismo de JK, o sonho dele, a vontade de fazer a nova capital”, contou Niemeyer, em entrevista gravada para o acervo, em 1989. “A dedicação do Israel Pinheiro. O plano do Lúcio (Costa), muito bem pensado. As fantasias da minha arquitetura, o sacrifício de milhares de operários que ficaram lá, correram como se a terra da promissão os convocasse. E saíram mais pobres”, concluiu.

Muito além dos inúmeros planos de edificação de cada canto da cidade, realizados em escritórios espalhados pelo grande canteiro de obras de 360 graus de horizonte, os meses que antecederam à inauguração de Brasília foram mesmo de muita pressa e chuva. O depoimento do artista plástico Athos Bulcão, dono da marca dos azulejos das capelas de Nossa Senhora de Fátima e do Palácio da Alvorada, exemplificou esse clima: “Eu via que os operários concretavam o Congresso debaixo de gigantescas lonas. E eu, um dia, escrevi para um amigo meu ‘Eu acho que não vai dar tempo de inaugurar esse negócio aí, ficar pronto em abril’”, contou Bulcão, em entrevista ao arquivo, em 1988.

Mesmo com dedicação exclusiva à construção da nova capital, a corrida contra o tempo fazia muitos trabalhos saírem da mesa dos escritórios diretamente para obra. Disso, lembra o desenhista Willy de Mello. “Depois, o desenho voltava para copiadora para ser arquivado”, conta. Nesse ritmo, o desenhista relatou que, certa vez, um caminhão foi descarregar material de construção no anexo de um ministério e, ao tentar sair, foi impedido porque haviam construído uma parede, fechando a passagem. “Foi preciso derrubar a parede”, lembra Willy.

Fontes:
Escola Livre de Jornalismo
 http://www.escolalivredejornalismo.com.br/?page_id=136&pid=37


Portal Geledes
http://www.geledes.org.br

Por

Cineasta, roteirista, cronista, ilustrador, educador, nascido na Vila Santa Isabel, Zona Leste de São Paulo.

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© 2013 Rogério de Moura