O desenhista Willy Bezerra de Mello (1935 - 2012) chegou a Brasília em 1958. Aprovado no concurso da Companhia Urbanizadora da
Nova Capital do Brasil (Novacap), teve apenas quatro dias para deixar o
Rio de Janeiro e começar a trabalhar no Departamento de Urbanismo e
Arquitetura da estatal. Antes, tentou ser arquiteto, mas foi além. “Eu
queria trabalhar com Oscar Niemeyer, ver a arquitetura de Brasília de
perto”. A história de Willy de Mello se confunde, às vésperas do
cinqüentenário, com a da capital federal. Ela, como a de outros
pioneiros, está gravada para a posterioridade.
Depoimentos de arquitetos, urbanistas, operários, dirigentes e outros
personagens da construção de Brasília estão disponíveis no Programa de
História Oral do Arquivo Público do Distrito Federal. Iniciado em 1987, o
programa entrevistou 284 pioneiros, como o arquiteto Oscar Niemeyer,
braço direito do presidente Juscelino Kubitschek. “Eu sempre digo que
Brasília representa o dinamismo de JK, o sonho dele, a vontade de fazer a
nova capital”, contou Niemeyer, em entrevista gravada para o acervo, em
1989. “A dedicação do Israel Pinheiro. O plano do Lúcio (Costa), muito
bem pensado. As fantasias da minha arquitetura, o sacrifício de milhares
de operários que ficaram lá, correram como se a terra da promissão os
convocasse. E saíram mais pobres”, concluiu.
Muito além dos inúmeros planos de edificação de cada canto da cidade,
realizados em escritórios espalhados pelo grande canteiro de obras de
360 graus de horizonte, os meses que antecederam à inauguração de
Brasília foram mesmo de muita pressa e chuva. O depoimento do artista
plástico Athos Bulcão, dono da marca dos azulejos das capelas de Nossa
Senhora de Fátima e do Palácio da Alvorada, exemplificou esse clima: “Eu
via que os operários concretavam o Congresso debaixo de gigantescas
lonas. E eu, um dia, escrevi para um amigo meu ‘Eu acho que não vai dar
tempo de inaugurar esse negócio aí, ficar pronto em abril’”, contou
Bulcão, em entrevista ao arquivo, em 1988.
Mesmo com dedicação exclusiva à construção da nova capital, a corrida
contra o tempo fazia muitos trabalhos saírem da mesa dos escritórios
diretamente para obra. Disso, lembra o desenhista Willy de Mello.
“Depois, o desenho voltava para copiadora para ser arquivado”, conta.
Nesse ritmo, o desenhista relatou que, certa vez, um caminhão foi
descarregar material de construção no anexo de um ministério e, ao
tentar sair, foi impedido porque haviam construído uma parede, fechando a
passagem. “Foi preciso derrubar a parede”, lembra Willy.
Fontes:
Escola Livre de Jornalismo
http://www.escolalivredejornalismo.com.br/?page_id=136&pid=37
Portal Geledes
http://www.geledes.org.br
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