Luiz Carlos Amaral Gomes, pseudônimo Ele Semog, nasceu em
Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, em 1952. É formado em Análise de Sistemas, com
especialização em Administração de Empresas pela PUC do Rio de Janeiro.
No
contexto de efervescência cultural e política que propiciou o ressurgimento do
movimento negro a partir de fins da década de 1970, participou dos grupos
“Garra Suburbana” e “Bate-Boca”, voltados para o estudo e a produção da poesia
afro-descendente. Em 1977, integra as antologias Incidente normal e Ebulição da
escrivatura, esta última publicada pela Editora Civilização Brasileira. Em
1978, lança o volume de poemas O arco-íris negro, em co-autoria com José Carlos
Limeira. A parceria se repete no ano seguinte, com a publicação de Atabaques,
livro onde se mantém o discurso de afirmação e denúncia da desigualdade social.
Em 1984, fundou o grupo Negrícia – Poesia e Arte de Criolo.
Ativista e agitador cultural, coordenou o segundo e o terceiro Encontro de
Poetas e Ficcionistas Negros Brasileiros. Coordenou também o setor de
literatura do projeto “90 anos de Abolição da Escravatura”, com sede no museu
de Arte Moderna no Rio de Janeiro. Em 1980, recebeu da União de Escritores
Brasileiros, moção especial do Prêmio Fernando Chinaglia.
Entre 1989 e 1996, foi presidente do CEAP – Centro de
Articulação de Populações Marginalizadas. Foi co-fundador do jornal Maioria
Falante, onde atuou até 1991.
Foi Assessor do Senador Abdias Nascimento e Conselheiro
Executivo do Instituto Palmares de Direitos Humanos.
Fonte:
LITERAFRO
PERFIL
você é como um poema.
sem passado e futuro.
trilha de pólvora.
cego jogo em chamas: palavras.
você é como uma surpresa
para cada tempo. com detalhes
em todas as letras.
( in Cadernos Negros: os Melhores Poemas, 1998, p.56)
www.letras.ufmg.br/literafro
DANÇANDO NEGRO
Quando eu danço
atabaques excitados,
o meu corpo se esvaindo
em desejos de espaço,
a minha pele negra
dominando o cosmo,
envolvendo o infinito, o som
criando outros êxtases...
Não sou festa para os teus olhos
de branco diante de um show!
Quando eu danço há infusão dos elementos,
sou razão.
O meu corpo não é objeto,
sou revolução.
( in Cadernos Negros: os Melhores Poemas, 1998, p.57)
OUTRAS NOTÍCIAS
Não vou às rimas como esses poetas
que salivam por qualquer osso.
Rimar Ipanema com morena
é moleza,
quero ver combinar prosaicamente
flor do campo com Vigário Geral,
LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro
ternura com Carandiru,
ou menina carinhosa / trem pra Japeri.
Não sou desses poetas
que se arribam, se arrumam em coquetéis
e se esquecem do seu povo lá fora.
( in Cadernos Negros: os Melhores Poemas, 1998, p.58)
PONTO HISTÓRICO
Não é que eu
Seja racista...
Mas existem certas
Coisas
Que só os NEGROS
Entendem.
Existe um tipo de amor
Que só os NEGROS
Possuem,
Existe uma marca no
Peito
Que só nos NEGROS
Se vê,
Existe um sol
Cansativo
Que só os NEGROS
Resistem.
Não é que eu
Seja racista...
Mas existe uma
História
Que só os NEGROS
Sabem contar
... Que poucos podem
Entender.
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